Vejer de la frontera

No alto, na elevação,
Com vista sobre Trafalgar,
Há um castelo mudéjar
Tomado pelo cristão…

Processo de reconquista
Na divisão doutra fé;
Já não s’anuncia Maomé
Até onde alcanç’a vista!

Vejer, posto de fronteira,
Por terras de Al-Andaluz!
Defesa da linha primeira!

Duma espantosa beleza
Nessa alvura sem mácula,
Mas moura, tal princesa…

Image

Vejer de la frontera, Cádiz, Espanha

 

Ait Ben-Haddou

Nesse planalto, o oásis
Florescente de bazares!
E num jardim de pomares
A água flui da raíz…

O deserto à porta
Forj’o Kasbah – a fortaleza!
Pr’as caravanas, de cuja seda
Alguém transporta…

Em segurança, a Mogador
Ond’o Português
É Rei e Senhor!

Mas nesse baú
Voltará o ceptro
A Ait Ben-Haddou!

Ait ben-haddou, Marrocos

Ait ben-haddou, Marrocos

Panamá

Há um país no canal
Dito Panamá – “pescador”
Baptizada p’lo colonizador
Como cidade natal!

O colonato europeu
Nesse Pacífico, primeiro!
Terra do pioneiro
Que p’lo Corsário, ardeu!

Teve Morgan, a vingança
Nas mãos do índio e crioulo
Para se ter n’abastança!

E ao Espanhol, o desterro
Dez quilómetros adiante…
D’encontro ao “Casco Viejo”!

Casco Viejo, Cidade do Panamá

Casco Viejo, Cidade do Panamá

Marraquexe

Quand’a ti avancei
Tinha-te por indiferente
Um mundo estranho, ausente
Daquilo qu’agora sei:

Cidade que não s’esquece
De bazares em movimento
E uma praça, por centro
De ti, bela Marraquexe!

Qu’o teu odor nos enleia
Nessas curvas sinuosas
Como Jasão por Medeia!

E só por ti, tom’o deserto
E tod’um Atlas trespasso!
Pr’a lá te ter…descoberto!

marraquexe

Praça Jemaa el-Fna

 

Riba-Côa

Nas terras de Riba-Côa
Proliferam os castelos
Defensivos como elos
De gente que lá os povoa

Mas já escasseia o homem
Que deu glória a essa raia
Alicerçando essa teia
Do nacionalismo de ontem

Hoje o que existe são sombras
Desse passado esquecido…
Em tais ruínas, por obras!?

Algo se faz pr’as manter
Mas esse homem rareia
Por esse interior, a morrer…

Castelo de Vilar maior

Castelo de Vilar maior

Teatro Amazonas

O requinte europeu
Em plena amazónia
No teatro, cuja harmonia
Foi da época apogeu!

O ciclo da seringueira
Fez da borracha, fortunas!
Dando a Manaus, colunas
Num classicismo d’algibeira!

E o último reduto indígena
É p’la civilização invadido
Numa obra “alienígena”!

Tod’o um elenco europeu
Pr’a sua inauguração!…
E no índio, outro Romeu!?

Peça inaugural "O Guarani", decalcado da história de Romeu e Julieta

Peça inaugural “O Guarani”, decalcada da história de Romeu e Julieta

Douro

Um sol de Verão
Qu’o Douro já espelha
Nessa zona velha
Do Porto d’então

Faz-me edificar
Uma outra ponte
Ligando-me à fonte
Deste mesmo lugar!

Uma simples ribeira
Forjada em rio!
Une a terra inteira…

Na foz ou na praia
O Douro é o “vazio”
Entr’o Porto e Gaia! (terra)

Ribeira

Ribeira

Miami

Cidade colorida
Entr’o verde e o azul
Num estado do sul
Em plena Florida

De jogo arquitecto
Em qualquer edificio
Em Miami, o vício
É a art déco!

Que nela projecta
Um jogo de luzes…
Singular cometa!

Que tudo ilumina
À sua passagem…
Simples dopamina!

Vista de Miami

Vista de Miami

Turim

Sente-se um vento alpino
Na capital do Piemonte
Ond’a Juventus de Conte
Rivaliza c’o meu Torino!

Cidade aristocrática
Coração da Itália unida
A casa de Sabóia, investida
Na proeminência dinástica!

E por essa via central
É Garibaldi, o anfitrião
Nesse palácio real!…

Que project’a majestade
Da vastidão industrial
De Turim, na posterioridade!

Turim (Castelo)

Turim (Castelo)

Milão

Capital da Lombardia
Centro de moda e indústria
Na ópera, a melhor acústica
No “alla Scala” se ouvia…

Fortaleza dos Sforza e Viscontti
Outrora Espanhola e Austríaca
Por Bonaparte, capital idílica
Do reino onde nasceu Verdi!

Uma Itália monárquica
De toque afrancesado
C’o uma cruz por heráldica!

Génese da Itália moderna
Qu’o Piemonte reuniu
Devolvend’o ceptro à “eterna”!

La Traviata - Verdi (primeira apresentação, no Teatro alla Scala)

La Traviata – Verdi (primeira apresentação, no Teatro alla Scala)