Sítio dos “Mouros”

Um dado penedo dos Mouros
Na génese da nossa Nação
Em Penalva, sobr’o Dão
Do Santo Sepulcro, os tesouros…

Esvaídos na nossa ignorância
Das nossas raízes templárias
Que nessas cruzes lapidárias
S’inscreva a nossa errância!

E na serra da Panamura
C’o esse legado d’arrojo
O desalento ali perdura…

Nesses símbolos milenares
Os traços da nacionalidade!?
Derribados daqueles altares…

Cruzes templárias

Cruzes templárias (Penalva do Castelo)

New York

Epíteto de fruta suculenta
Crescida outrora em Manhattan
Ressurgiu nos anos setenta,
New York: a grande maçã!

Que não sendo oval, s’estende
Em artérias pujantes de vida
Onde tudo se compra e vende
Num eterno saldo e corrida!

A cidade que nunca dorme
Em milhões de filamentos despertos
Na perspectiva do que é enorme!

E eu nela também passo a correr
Deliciando-me nessa vastidão
Qu’é a vida no projecto de morrer…

Blue Note (Histórico clube de Jazz - Soho)

Blue Note (Histórico clube de Jazz – Soho)

Praga

O coração da Boémia
A cidade das cem cúpulas
A Ponte Carlos, eterna…
De kafka e suas “fábulas”

Do velho burgo judeu
Do castelo em São Vito
Em Smetana, o apogeu!
Do nacionalismo proscrito…

Cidade do belo Voltava
De Dvorak e Rilke!
Habsburga e Eslava!

Cidade do classicismo
Onde S. Venceslau morreu…
E a defenestração foi heroísmo!

Praga

Praga

Porto Côvo

Nessa costa alentejana
Onde o tempo corre suave
O sol aquece, qual chama
As areias qu’o mar nos abre

E por um recorte rochoso
No final dessa paisagem
O perfil dum céu fogoso
Recai, no branco da margem

Num reduto irisdescente
Uma vila calma e terna
C’o uma ilha em frente…

Onde um pessegueiro famoso
Nos versos duma canção
Imortalizou… Porto Côvo!

Porto Côvo

Porto Côvo

Penedono

Tem esse penedo, dono
Álvares Gonçalo Coutinho
A Inglaterra, por tal caminho
O Grão-Magriço de Penedono!

Quer conhecer gentes e terras
As suas leis e façanhas
Suas virtudes e manhas…
Por esses vales e serras

É o cavaleiro solitário
Dos doze de Inglaterra
A honra tem-no destinatário…

E na arquitectura da guerra
O castelo é de conto-de-fadas
Monumento a essa quimera!

Castelo de Penedono (Beira Alta)

Castelo de Penedono (Beira Alta)

Megalitismo

Nesse reduto, tão ermo
Num rasto d’antigo culto
Por essas “terras do demo”
Sem vivalma ou vulto

Descobre-se o traço do tempo
Nessas pedras milenares
Sem tecnologia ou instrumento
Que as lá  colocassem, em altares!

O santuário necrológico
Em antas, dólmens, mamoas
Desse homem ontológico!

Que primitivo, sabia
O seu lugar no universo
E que sábio hoje seria!

Santuário Megalítico (Penedono)

Santuário Megalítico (Penedono)

Roma

Uma eternidade de séculos
Fizeram de ti Imperial
Desse regime brutal
De feitos marciais, hercúleos!

E de capital secular
Do omnipotente Romano
Tornaste-te a espiritual
Do deus de rosto humano

Roma, fonte da civilização
Panteão de múltiplos deuses
Foste da barbárie à razão!

E num registo a céu aberto
Tens esses séculos à vista
É só percorrê-los…desperto!

Roma (Via do Fórum de Augusto)

Roma (Via do Fórum de Augusto)

Waterloo

Num campo verde aplainado
No centro do continente
Vivem papoilas por gente
Nesse vermelho sangrado

São testemunhas do tempo
Que alinhadas se mostram
E como soldados se prostram
Pr’a reviver o momento…

Dessa batalha perdida
Que pr’a essa Guarda Imperial
Significou a própria vida!

E não se baixando o arsenal
A rendição é exigida!…
Em Waterloo, campo rural!

Papoilas (Waterloo)

Papoilas (Waterloo)

Praça Vermelha

No meu fugaz imaginário
Que espião, me imaginei
Contr’os Russos eu lutei
No seio do seu santuário

Nessa praça tão vermelha
Onde jaz sepultado o seu santo
Não é São Basílio, adianto…
Mas a Lenine s’assemelha

Embalsamado na cripta
Com’o Socialismo científico
Qu’ali viveu, há quem diga….

E eu, este soldado críptico
Quase um viajante no tempo
Tom’o Kremlin e o político!

Praça Vermelha (Moscovo)

Praça Vermelha (Moscovo)

Ponte das barcas

Palco de morte e desgraça
Nessa invasão continental
O rio que cheio em caudal
Traga a vida que passa…

No desespero da guerra
C’o Porto por sitiado
A ponte é o elo quebrado
Que afogando, enterra…

E na investida francesa
Mil almas jogam-se às parcas
Nesse seu pânico e pobreza…

Que por fuga dos seus monarcas
Teve no leão a Nobreza
E o seu povo, naquelas barcas…

Ponte das Barcas (Rotunda da Bosvista - Porto)

Ponte das Barcas (Rotunda da Boavista – Porto)